A deputada Bia Kicis causa turbulência ao questionar a indicação de Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência em 2026, preferindo Michelle para abrir caminho ao Senado – uma ambição pessoal que expõe fissuras no partido
O Partido Liberal (PL) no Distrito Federal vive um momento de turbulência que ameaça minar sua coesão às vésperas de 2026, com a presidente local, deputada federal Bia Kicis, protagonizando um racha interno ao manifestar descontentamento com a escolha de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como pré-candidato à Presidência da República, indicada pelo pai, Jair Bolsonaro.
A revelação, que pegou até o ex-presidente de surpresa mesmo cumprindo pena na carceragem da Polícia Federal no Setor Policial Sul de Brasília, expõe não só ambições pessoais de Kicis – que sonhava com Michelle Bolsonaro como candidata ao Planalto para ela disputar a vaga ao Senado –, mas também o declínio do bolsonarismo mais radical em meio à direita conservadora, que busca perfis conciliadores como o de Flávio para atrair o Centrão e ampliar alianças.
Em um DF onde Ibaneis Rocha (MDB) reina com 63% de aprovação e integrantes do PL local tentando uma rebelião, a “escorregada” de Bia pode custar caro: broncas internas e um enquadramento forçado, ou o risco de isolamento político.
A controvérsia ganhou corpo após o anúncio de Jair Bolsonaro de que Flávio seria o nome do PL para o Planalto em 2026 – uma decisão de “lucidez estratégica”, como fontes do partido descrevem, visando um filho com mais experiência legislativa (dois mandatos de senador) e apelo moderado, capaz de unir bolsonaristas radicais ao Centrão pragmático.
Kicis, aliada de primeira hora da família e presidente do PL-DF, não escondeu a frustração: em conversas reservadas defendeu que Michelle seria melhor que Flávio, abrindo espaço para si mesma na corrida pela vaga ao Senado – uma jogada conveniente que, segundo aliados, “colocaria Bia no centro do palco bolsonarista local”.
A reação de Kicis causou surpresa até em Jair Bolsonaro, que, da cela, teria questionado a lealdade da deputada via advogados e aliados como Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL.
“Bia está olhando pro próprio umbigo, ignorando que Flávio une o partido nacionalmente”, confidenciou uma liderança do PL-DF ao O Globo, destacando que a escolha do senador carioca visa contrabalançar a polarização extrema, atraindo caciques como o Centrão para uma frente ampla contra Lula.
Michelle, com perfil mais social e evangélico, é forte no DF – onde o apoio da comunidade religiosa é maciço a Ibaneis e Celina Leão –, mas sua ambição presidencial (rumorada para uma chapa com Tarcísio de Freitas) colide com os planos dos filhos, que veem nela uma “autoridade atropelada” em disputas como o apoio a Ciro Gomes no Ceará.
Esse episódio sinaliza o enfraquecimento do bolsonarismo radical no DF, onde a direita conservadora – representada por Ibaneis, com 63% de aprovação na Real Time Big Data (novembro) e ações como o PDOT aprovado na CLDF para regularizar 28 áreas irregulares – prioriza pragmatismo sobre extremismos.
Flávio, com perfil conciliador, surge como ponte para o Centrão, enquanto Kicis – que já enfrentou críticas por posturas radicais – arrisca uma bronca de Valdemar ou até perda da presidência local se não se enquadrar.
Em um DF que aprova a eficiência de Ibaneis (menor índice de homicídios em 48 anos, R$ 23 milhões em saúde domiciliar) e clama por pacificação, o racha de Bia é um erro tático: o bolsonarismo perde força quando prioriza vaidades sobre unidade. Para 2026, Michelle pode herdar o legado no Senado, mas Kicis, na contramão da direita moderada, pode acabar isolada. O PL precisa de enquadramento, não de sonhos frustrados].
