Estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz do Ceará (Fiocruz Ceará) mostra o impacto da violência e da pandemia de covid-19 nos agentes comunitários de saúde (ACS) do Nordeste, abrangendo quatro capitais (Fortaleza, Recife, João Pessoa e Teresina) e quatro cidades da região (Crato, Barbalha, Juazeiro do Norte e Sobral).
Dados alarmantes
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Os mais de 20 pesquisadores de cerca de 13 instituições do Brasil e do exterior farão, até o final deste ano, o desenvolvimento das informações em todos os municípios.
A ideia é continuar coletando dados de forma contínua, disse à Agência Brasil a coordenadora da pesquisa, Anya Vieira Meyer, da Fiocruz Ceará. Na última quarta-feira (4) foi comemorado o Dia Nacional do Agente Comunitário de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias. A pesquisadora da Fiocruz Ceará está em Boston para avalizar os dados junto com cientistas da Universidade de Harvard, Estados Unidos.
O estudo entrevistou 1.944 agentes de oito cidades nordestinas. Os primeiros resultados de 2021 revelam que a violência afetou a saúde mental de 64,7% deles e a saúde física de 41,1%.
Em relação à covid-19, ficou demonstrado que 77,6% trabalharam na linha de frente contra a doença e 83,8% não receberam treinamento contra a covid-19. Para 80,7%, a violência não influenciou na atuação dos agentes durante a pandemia.
Do total dos entrevistados, 40,4% avaliaram que o processo de trabalho em equipe melhorou durante a covid-19, enquanto para 37,9%, houve piora.
De maneira geral, a coordenadora da pesquisa indicou que os dados são alarmantes. Em relação à aúde mental, cerca de 40% dos agentes comunitários de saúde estão em risco de transtornos mentais comuns, como ansiedade e depressão, em todos os municípios pesquisados.
O uso de medicamentos para controle dos transtornos alcança entre 15% e 20% dos agentes. “Notamos decréscimo de uma série de atividades que eles faziam na comunidade, por conta desse adoecimento”.
Muitos agentes deixaram de exercer algumas ações devido à questão da violência. Em função da covid, diminuíram as visitas domiciliares, as ações de promoção à saúde nas residências e, também, nas escolas. “Todas essas atividades caíram nesse período”.
Em Fortaleza, onde o levantamento foi iniciado, em 2019, para apurar o impacto da violência e, em 2021, para apurar sobre a doença, os dados revelam que nas comunidades mais vulneráveis, ou mais desfavorecidas, a covid-19 afetou de forma mais forte a ação dos agentes locais, que reduziram suas atividades, também devido ao medo a violência.
Fonte: Agência Brasil